(photo de Carlos Matos)
Estive numa grande conversa hoje à tarde, depois da fisioterapia, com a minha árvore.
Contou-me que tinha tido uma doença qualquer com um nome esquisito à brava, tendo mesmo chegado a pensar que era desta que viria a serra eléctrica!
Tinha imensos conhecidos que aproveitando-se da sua enorme sombra, perto dela paravam para falar, namorar, às vezes piquenicar.
Quantas vezes ela os ouviu em confidência, brincadeiras, acompanhando-os nos copos que lhe iam despejando rente ao caule.
Um dia, como disse, adoeceu gravemente!
Os conhecidos começaram a aperceber-se e a inteirarem~se pela evolução.
Mas por razões de ordem vária, sei lá- dizia ela- mudança de terra, horários incompatíveis... um deles foi não foi sendo pelos outros informado do estado miserável em que ela se encontrava.
Felizmente ela arribou, está frondosa como sempre a conheci, mas inexoravelmente o tal amigo que não havia sido informado, apareceu e deu-lhe uma das maiores rabecadas que alguma vez havia ouvido, por ela não lhe ter telefonado ou comunicado de qualquer outra maneira como ia indo o seu estado!
Diz que só ela e Deus sabem o quanto durante mêses penou!
Apesar de frondosa, de óptimo aspecto, linda e acolhedora, só ela sabe o quanto ainda hoje sofre!
Estive calado como não podia deixar de ser, tentando entender e justificar a atitude.
Disse-me que lhe perdoou, tal como sempre faz, mas ficou magoada e de coração apertado como nunca havia estado.
Cabisbaixo fui até ao carro para ir para casa, mas não sem antes passar a minha cabeça pelas suas pinuladas folhas e receber a sua benção.
Até amanhã minha árvore.
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