quinta-feira, julho 14, 2011

Releio Álvaro de Campos.

Claro, lá na minha esplanada.

Estou normalmente só, com o café e o jazz.

Ali, ler é estar metido comigo e com o autor.

As conjecturas vão e vêm. Há um aumento exponencial das sinapses que como numa trovoada tropical põem as cinzentinhas células num alvoroço.

Quantas vezes dou por mim a ter a certeza que estou num mundo maluco, completamente fora do tempo, a ser plagiado, violado nos meus direitos reservados.

Foi isso que hoje descobri mais uma vez!

Aquele (in)existente senhor supostamente vivo nos princípios do Séc.XX, escreveu algo que é meu, pensado em pleno Séc. XXI.

E que reza assim:

...
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço ou me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos.

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
...

Tal e qual!
Reunião informal de pessoas para conviver, jantando, bebendo, fumando e dizendo coisas... invariavelmente acaba numa treta de uma feira de vaidades, onde é de bom tom afirmar-se que já se esteve naquele restaurante de Barcelona e também naqueloutro de Singapura para onde foram na super cara (tem que ser cara!) companhia aérea dum qualquer país oriental! onde gastaram - vejam lá- uma pipa de dinheiro numa reserva de um vinho tinto (claro, excepcional) duma aldeia recôndita da Argentina.
Nunca foram capazes de pisar os calos fosse a quem fosse, detestam cortar na casaca de quem não está presente. Subiram financeiramente na vida só com o esforço do trabalho digno. Nunca levaram um enxerto de porrada - quando havia luta ganhavam sempre e ilesos!
Enfim, só eu é que sou teso, só eu é que pouco viajou, só eu é que não posso ir jantar a Singapura, só eu é que fui cobarde e baldei-me sempre aos confrontos físicos.

Ah! tu aí também? vá lá! não estou sozinho como pensava!

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2 comentários:

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Hola Carlos. Voy a estar en Sesimbra desde mañana dia 8 hasta el 11 por la tarde.
Si puedes contactar con fERNANDO y se lo dices te lo agradezco, he perdido su teléfono.
Saludos y muchas gracias.

Concha

Gazeta Insonia disse...

Quanto ao encontrar um pensamento (supostamente seu) em Álvaro de Campos: os Pensamentos estão soltos, por aí, a procura do pensador. Eles não são "fabricados" dentro de nós. Nós só possuimos um aparelho para pensar os pensamentos que nos procuram. (Bion)

A propósito: Não estavas sós. Mesmo, antes d'eu chegar, quando estavas 'só' com o livro.

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