segunda-feira, agosto 20, 2007

O Faz Tudo e a mão empurrada







(photo de Carlos AGM)



Não sabe quem lhe empurra a mão para a direita e faz com que surjam letras formando palavras!

Mas sabe que o sente!

Vagueando nos altos e baixos das invisíveis e irrepetíveis ondas encrespadas do mar, vê ali ao lado um cão cavando na areia fazendo jorrar um liquido de cor incolor, inundando o próprio mar!

Molhando-o!

Eles continuam a olhá-lo através das persianas semi-corridas, intrigados!

Vêem-lhe a mão a andar para a direita enquanto lhe vêem a cabeça num vai-vem absolutamente aleatório.

A onda cresceu e molhou-lhe os pés sem que tivesse dado conta!

Lá muito ao longe um paquete amarelo prenhe de gente que julgando-se de uma felicidade extrema, olham para cá e lhe acenam um sorriso também amarelo!

O Tio continua longe e em sinal de silêncio atira-lhe um camarão apanhado numa poça junto à rebentação.

Balde plástico, pés molhados, cansado mas firme, levanta-se e beija-o!

Não sabe que continua a formar palavras que soltas nada dizem!

Aquela planta horrível e carnívora murchou.

Era alta e passou-se a anã, sem forças para se alimentar.

Também não faz falta nenhuma!

Relva cortada.

Convidativa.

Outra onda molha-lhe os pés, ELA passa linda e vão tomar café.

À idosa, à janela, cai-lhe a guilhotina e abrindo-se-lhe os olhos, de cor também incolor, num lampejo, dá a volta ao mundo.

Vê tudo!

Até que tem os pés molhados!

Vai fazer uma festa ao cão antes que o céu lhe caia aqui ao lado!

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