Não sabe quem lhe empurra a mão para a direita e faz com que surjam letras formando palavras!
Mas sabe que o sente!
Vagueando nos altos e baixos das invisíveis e irrepetíveis ondas encrespadas do mar, vê ali ao lado um cão cavando na areia fazendo jorrar um liquido de cor incolor, inundando o próprio mar!
Molhando-o!
Eles continuam a olhá-lo através das persianas semi-corridas, intrigados!
Vêem-lhe a mão a andar para a direita enquanto lhe vêem a cabeça num vai-vem absolutamente aleatório.
A onda cresceu e molhou-lhe os pés sem que tivesse dado conta!
Lá muito ao longe um paquete amarelo prenhe de gente que julgando-se de uma felicidade extrema, olham para cá e lhe acenam um sorriso também amarelo!
O Tio continua longe e em sinal de silêncio atira-lhe um camarão apanhado numa poça junto à rebentação.
Balde plástico, pés molhados, cansado mas firme, levanta-se e beija-o!
Não sabe que continua a formar palavras que soltas nada dizem!
Aquela planta horrível e carnívora murchou.
Era alta e passou-se a anã, sem forças para se alimentar.
Também não faz falta nenhuma!
Relva cortada.
Convidativa.
Outra onda molha-lhe os pés, ELA passa linda e vão tomar café.
À idosa, à janela, cai-lhe a guilhotina e abrindo-se-lhe os olhos, de cor também incolor, num lampejo, dá a volta ao mundo.
Vê tudo!
Até que tem os pés molhados!
Vai fazer uma festa ao cão antes que o céu lhe caia aqui ao lado!
1 comentário:
ânimo, rapaz!
um abraço
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