quinta-feira, julho 26, 2007

Desaparecer!










(photo de Carlos AGM)



Caminha-se inexoravelmente para a estupidez! (leu isto mesmo).

Parece não estar em pleno uso das suas faculdades mentais ao reafirmá-lo, mas com tanto de outros a pensarem o futuro, enraizados unicamente na propriedade económica, reconhecimento público por algo de perverso, atitudes menos dignas ou palavreado mesquinho, sem perspectivas no desenvolvimento das capacidades cognitivas, essas sim, praticamente infinitas, bastando atraí-las, tem enfim que concordar!

Ainda ontem deambulando por ruas de Tumbuktu, fora de moda, num café igual a tantos outros, sem ostentação mas simpático, ouvia no meio da surdina, dois jovens idosos que tudo levava a crer estivessem ligados à escrita.

Debatiam o tema.

A um dava-lhe vontade de exilar-se no alto duma montanha, procurando daí encontrar o lugar ideal para desaparecer! O outro acompanhava-lhe o pensamento também ele com o olhar olhando o inenolhável e tentando perceber qual o caminho a seguir.

As ilações eram fáceis de tirar! Eram companheiros conhecidos do público que eles próprios abominavam!

Conferências e debates eram uma constante de convites.

Raramente se preparavam com antecedência. Deixavam fluir as palavras, quais contos fantásticos, onde a metáfora era ponto sagrado! Quantas das vezes fugindo ao tema proposto!

Os ouvintes enganados pelas suas próprias estupidezes, entre bocejos disfarçados e tentativas desesperadas de ter os olhos abertos e contudo com os tímpanos encerados, davam um deleite onanístico àqueles jovens idosos expoentes máximos da palavra.

O seu café, no café, estava a acabar e apeteceu-lhe também desaparecer!

Embrenhou-se por ruelas semi-escuras, refugiou-se por momentos no semi- escuro dos semi-escuros corredores do metro, ouviu de nenhures um som semi- escuro de um instrumento de sopro que interpretava Chet Baker e saiu!

A letárgica vida veio a encontrá-lo a olhar para lá, por baixo daquela ponte, enquanto um poeta desaparecido tentava em vão, declamando, que a truta picasse o anzol invisível e inexistente, enquanto em completa e alienante estupidez, figurantes num batelão iluminado, passavam!

Decidiu!

Desapareceu!

Provavelmente ficou estúpido!

De tanta estupidez!

1 comentário:

rui disse...

Olá Carlos

Vim visitar o teu cantinho.
Tens aqui muito trabalho de qualidade.

Abraço

Free counter and web stats