Lembra-se de, quando miúdo, cruzar-se vezes sem conta, em Amarante, com o Borges, de quem se tinha um medo pavoroso, pois que se dizia que dentro do jornal debaixo do braço, teria uma faca enorme!
Coitado do Borges, sabe hoje, que não fazia mal a uma mosca!
Mas tinha um caderninho com nomes de pessoas a quem ele instituiu que lhe teriam de dar determinada quantia mensal! e assim, religiosamente, nos fins de mês, ia fazer a sua colecta, com parcas palavras!
Ainda em Amarante... o Quianha da Lomba! a quem se dizia: "fede que tomba!" ... e era dar às de Vila Diogo!
E o Sr. Faria? sempre com conversas intelectuais, mas que ninguém percebia rigorosamente nada!
Ultrapassando várias décadas, eis o escriba, em Lisboa!
Quantas saudades dos "maluquinhos" do Júlio de Matos, que em plena Av. de Roma, faziam as delícias (desculpem o pecado) dos mais atentos!
Ele era o homem da motorizada! que sem que ela existisse, circulava, fazendo o ruído característico, com a boca, respeitando todos os semáforos e dando sempre as prioridades que o código exigia! e quantas vezes a moto não pegava! e ele a dar ao pedal de arranque, sem sucesso!
Ele era o noivo eterno! sempre de fato preto, camisa branca, gravata, sapato de polimento... impecável! e flor ao peito!
Ele era um simpático que fumava cigarros, sempre na ponta duma antena enorme e que ainda ficava mais maluco quando passava uma jeitosa moçoila!
Ele era um outro que trazia dezenas de jornais abertos e que deambulava com toda aquela papelada pelas ruas!
Ele era um outro que sentado numa qualquer esplanada da dita avenida, escrevia, escrevia, escrevia... sabe-se lá o quê, falando alto e sem nexo para os passantes!
Ela era uma delícia de orate, tantas e tantas vezes encontrada no Restaurante da D. Cândida! enfeitada com esfregões de palha de aço, óculos postos ao contrário, toda uma parafernália de adornos dos mais inconcebíveis! a jantar, que a proprietária oferecia, sem que antes não lhe pusesse a mesa para duas pessoas, pois que ia sempre acompanhada por um ser imaginário, com quem falava o tempo todo, discutia ou ria!
Que será feito de toda esta gente?
O Faz Tudo continua a encontrar muitos malucos, mas até estes são diferentes!
Também tem amigos "malucos", mas desses noutra altura falará! ou não!
Esta croniqueta tem a ver com maior simpatia que o Faz Tudo tem por gente que por circunstâncias várias da vida, ou logo de nascença, são diferentes! não quer dizer piores!
Será que são eles os felizes?
Será que somos nós, os ditos normais, normais?
Onde anda a fronteira?
E esta existe?
Quase de certeza que haverá "homenzinhos" às cores lá para outros planetas, noutras galáxias... será que são malucos?
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