A Saudade.
Era também o nome de uma sua Tia Avó.
Pianista de formação, ensinava a miudagem nas técnicas do solfejo e na execução dos primeiros acordes de sinfonias, sonatas ou nocturnos.
Lembra-se dela, lá para trás do Sol posto, loira, olho azul, sempre muito maquiada, vivendo no casarão da família.
Já era velhota (nasceu em 1875), tanto quanto o Faz Tudo consegue andar para o passado.
Lembra-se da sala onde pontificava um enorme piano de cauda, de cor mais ou menos acastanhada e de dois verticais, cada um na sua parede.
Nunca, nos tempos em que por lá ia a visitá-la, a ouviu tocar ou mesmo alguém tocar naqueles belos instrumentos.
Mas bastava-lhe entrar naquela sala e o ar que se respirava, sentia-se, era diferente! até porque sabia que ali tinham havido com muita frequência serões musicais, onde o Bisavô (Pai Lau), duas das suas filhas, a Saudade e a Adélia e amigos, davam gozo ao gozo de tocarem clássicos ou modernos temas, para deleite de outros que de instrumentos nem pegar lhes sabiam, mas que eram melómanos!
Por infortúnio o Faz Tudo não herdou nenhuma vocação para a música, com excepção do gosto de ouvir da boa! provavelmente por via de algum entroncamento no seu genoma!
Há coisas de que se tem saudade, mesmo que nunca as tenhamos vivido!
Sem comentários:
Enviar um comentário