( Aldeia de Lanção)
Não é própriamente a terra do Faz Tudo, mas fá-lo lembrar dos dias soalheiros e gélidos,
mas duma pureza no ar,
com um levíssimo cheiro a lenha queimada, numa qualquer lareira térrea, onde já a sopa para o meio-dia começava a apurar,
duma luz imaterial,
do ronronar dos gatos enroscados ao Sol perto das chaminés ou à soleira da porta,
das sardinheiras das mais variadas cores penduradas nas varandas,
do verde lá mais ao longe, nos horizontes cavados pelos rios e alteados pelas serras,
das conversas saídas das bocas fumegantes do trabalhador que ia para a monda ou para a amanha da terra ou mesmo para a ordenha da vaca ou cabra,
do chilrear da passarada que começava cedo a aprovisionar-se de minhocas ou insectos, para a descendência.
Era assim que o Faz Tudo via as manhãs, cedo, quando saía de casa, para num banco da Avenida, virado a nascente, estudar "história", que na altura o atormentava!
O Liceu era ali a 50 metros...
passavam os contínuos,
os senhores doutores,
toda a rapaziada e raparigada,
numa pura alegria e algazarra!
O senhor Reitor!
O respeitinho era muito bonito!
O Faz Tudo, claro, era sempre o último a chegar!
Mas, enfim é por tudo isto que se sente cada vez mais transmontano e menos citadino!
Tem saudades dos enormes calhaus de granito!
Tem saudades de ir "a trás do cemitério" ver a confluência do Cabril com o Corgo!
Tem saudades de descer bem lá no fundo, por carreiros, e molhar os pés!
Tem saudades de ver o comboio lá do outro lado, com a típica nuvem de fumo e fuligem!
Tem saudades das mimosas floridas aos milhares!
Tem saudades das visitas ao Palácio de Mateus!
Tem saudades da volta completa ao "circuito", de camioneta!
Até lembra com nostalgia o dia em que foi às "sortes", no Infataria 13, que o apurou para a tropa!
.....
Ainda há quem se queixe que faz frio em Lisboa!!!!!
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