terça-feira, novembro 29, 2005

O Faz Tudo à caça



O Faz Tudo já tem referido em escritos anteriores, o facto de ter estado em Angola, em tempos de guerra.

Agora, espicaçado por memórias trazidas pela Graziela, apeteceu-lhe recordar feitos aquando da sua estadia em S.Salvador, bem lá no Norte.

Andava, como calculam, mascarado de Alferes Miliciano, ele que de tropa não percebia patavina e queria era boa vida!

A sua bateria de artilharia era constituida, tirando a oficialagem, por pessoal nado na ex-colónia e 95% dele de cor preta.

Era gente 5 estrelas! Todos!

Mas como não há regra sem excepção, o chefe era um miliciano capitão de Lisboa, com a mania que era mandão e, sem mania, era estúpido até dizer chega!

Houve tempos, em que pela presença da esposa, o dito alugou casa e a ela ia almoçar, jantar e dormir.

Pois era exactamente durante a noite, que à socapa, o Faz Tudo juntamente com dois soldados e um furriel, todos amigos e cúmplices, iam, ultrapassada a barreira que fechava S.Salvador, mato fora à procura de uma pacaça, dois javalis, um burro de mato ou veado, para fornecerem o aquartelamento de carne fresca e à fartazana.

Distribuição de tarefas:
1º soldado
- passar os dias a cortar as pontas às balas da mauser
- atirar a matar à primeira
2º soldado
- com um farol ligado à bateria do Unimog apontar para o horizonte e tentar ver os olhos das manadas (que de noite, ao longe, mais parecia a iluminação urbana)
Furriel
- fazer companhia e atirar ao bicho se preciso fora.
O Faz Tudo
- conduzir a viatura, o que lhe dava um prazer inaudito. Ainda hoje ama andar em todo-o-terreno, na sua verdadeira acepção, mesmo fora das picadas ou seja, mesmo em pleno capim ou pequenos matos, deitando abaixo os arbustos mais intrometidos!

Por vezes levavam horas e dezenas de quilómetros até encontrar algum bicho suculento!
Mas aparecia sempre!

O 1º soldado com a mauser, de pontaria infalível, depois de "chamamento" verbal, isolava um e com tiro certeiro... o bicho estava morto!

Esforços quase sobre humanos para 4 tipos pegarem na carcaça, pô-la na viatura e ala que se faz tarde e o capitão podia chegar entretanto à unidade!

Aranjava-se sempre desculpa para o aparecimento dos bifes!

Noites inesquecíveis!
Visões daquele céu austral com as estrelas ali mesmo por cima ou as noites luarentas que ela transformava em quase dia!
Quanta bicharada linda se via e que se dedicava também ela à caça!

Enfim, tudo isto está guardado e faz parte dos 25 meses em que o Faz Tudo por terras angolanas andou!

Saudades!


PS:
um pouco mais à direita do circulo visivel no mapa, andou a Graziela! e nas deambulações militares, também o Faz Tudo por lá passou!

4 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

e prontos a isto eu chamo "intercâmbio de memórias....e de amizade"...bjs. aos dois.

graziela disse...

às vezes parece-me que nos conhecemos de outra "encarnação", em África.
um abraço
graziela

Jorge disse...

Eu cá não cacei pêva senão dor e desespernça. Todavia congratulo-me que alguém o tenha conseguido.

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Cuántas saudades os trae Angola. Cómo me gustaría conocer ese lugar, tan fascinante...contado por vosotros.

Carlos, no entendí muy bien lo que me quisiste decir sobre lo de mostrar fotos y/o encuentro. No sé. Abrazos.

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