sexta-feira, março 25, 2005

O Faz Tudo e a Páscoa


O Faz Tudo recorda os tempos vividos lá para o norte do País, enquanto miúdo e adolescente.
Nesta altura do ano, nessas Vilas e Cidades por onde morou, estava, como agora estão os putos das escolas, de férias.
Na 5ª feira fazia-se a ronda das capelinhas, onde se "rezava", sempre acompanhado da namorada, que tinha nessa noite permissão para chegar atrasada ao toque de recolher.
Na 6ª feira, dia sinistro, pois até as rádios só debitavam música clássica ou de Igreja, davam-se voltas e mais voltas nas mesmas ruas, entrando quanto muito uma ou duas vezes numa pastelaria, para armando-se em fino, comprar um jesuíta, com o respectivo copo de água! O carcanhol não dava para mais!
O Sábado era idêntico!
No Domingo, isso sim, era-se obrigatoriamente sacudido da cama, pois o Compasso estava a chegar e tinha-se de estar lavado e vestido dignamente para receber e beijar a Cruz.
As janelas tinham colchas penduradas, a porta da rua era enfeitada com pétalas de flores, a mesa da sala de jantar ou de visitas estava posta com a parafernália própria dum banquete de casamento e onde no meio de um ramalhete, discretamente, estava um "envelope" com aquilo que a família podia, às vezes com sacrifício, oferecer.
Começavam-se a ouvir os sinos e pouco mais atrás vinha o senhor Prior rodeado duma malta simpática vestida com as opas rosas ou escarlates, prontos a atacar nova "mesa"! Já mais morto que vivo, coitado do homem, não só do cansaço, como dos copos de "vinho fino", que não tinha hipóteses de recusar, entrava alagado em suor!
Era o Compasso!
Depois havia a missa do meio-dia, onde o jet-set da altura pavoneava as toaletes e a filharada, numa tentativa de que um(a) dos herdeiros dos outros olhasse com olhos lânguidos para a sua cria e dali se augurasse uma união, interesseira concerteza, com vista à dilatação da fortuna pessoal ou para não ter que pensar no futuro pouco animador dos rebentos!
Era assim a Páscoa in illo tempore !
Não havia Algarves, neves, Cabos Verdes ou Brasis!
Brincava-se com a prata da casa e já era bem bom!
Claro que à socapa lá ia a rapaziada organizando uns bailaricos (pecado!), onde se dava largas à imaginação, na garagem da casa dum pai mais liberal, onde os slows imperavam! E era ver quem menos se mexia!
O Faz Tudo que viveu em várias Terras, como já disse, nota que o esquema era sempre o mesmo! Este, como atrás descrito!
Depois vinham de novo as aulas, para o derradeiro período, até Junho.

Alguém que conte como era em Lisboa, nessa época!

Uma boa Páscoa a todos!

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