O Faz Tudo tem mesmo sorte

O Faz Tudo encontrou-o no seu atelier, de bata branca, sarapintada dos mais variados tons de tinta, pincel na boca, cabelo desgrenhado, cigarro na mão esquerda, com a cinza a cair aos pedaços no oleado do chão, com o caos de tintas e pincéis instalado, a começar mais uma obra, que a avaliar pelo esquiço, será prima!

Meio despassarado que é, teve alguma didiculdade em abrir a porta da rua, pois com as novas tecnologias, o rapaz não se dá bem!

Mas dizia, já no atelier da ave rara, que o Faz Tudo adora, vieram cheiros de tintas, vernizes, fumo de cigarrilha e cigarro a que a janela aberta não dava vazão!

Para mal dos pecados do Faz Tudo a ave rara pura e simplesmente tinha-se esquecido de pôr um disco de jazz a tocar, para que o ambiente fosse de facto de bafond.

Mesmo assim os ditos jocosos, cáusticos, sarcásticos sobre terceiros, não presentes ou meramente inventados, deram para desopilar o fígado e ajudar a matar mais uma tarde sarnenta de Domingo, de longe o pior dia de semana!

Gostas daquele quadro? O Faz Tudo que gosta de obras de arte ... gosto! É teu! leva-o! espera que tenho de o acabar! Faltava a assinatura e uns borrifos dum spray, misto de benzovaque +gasolina +éter +clorofórmio +vomitado de cão sarnento +aguardente velha misturada com leite azedo, que com denôdo e muito carinho, a ave rara espirrou para a tela.

Para desentupir as vias respiratórias, lá fomos deitar abaixo umas imperiais! com a obra pendurada nos dedos para a ajudar a secar.

Ganhou mais uma obra, Fogo de Artifício, que irá, entre hoje e amanhã, compôr mais um pedaço de parede lá de casa.

O Faz Tudo tem amigos!

O Faz Tudo tem mesmo sorte!