quarta-feira, março 16, 2005

O Faz Tudo e as plumas brancas

Era uma ave rara, colorida de plumas brancas, alta, vistosa, cobiçada pelos olhos de qualquer ave macho!
Também o Faz Tudo a viu!
Meteu conversa, contrariamente aos seus princípios.
A emplomada ave rara, olhou de soslaio, pareceu-lhe lembrar aquela cara de algum lado, talvez dalgum alto de torre de menagem, ou talvez dum passeio que havia dado em tempos, perto dum riacho, na companhia de outras aves.
Qualquer coisa lhe fazia lembrar a ave macho, mas donde?
Estaria ele diferente?
mais gordo?
mais careca?
A conversa começou cerimoniosa, calma, tentando recapitular a vida, como num filme de 16mm, a preto e branco, mas em slow motion.
Andaram, vagueando pela cidade, tentando descobrir pontos comuns.
Aos poucos iam os fotogramas passando a coloridos e a baixa velocidade, de repente, passou a ser a normal.
Recordaram, então, todos esses postais ilustrados que haviam guardado na memória e que a vida ,os tinha indo tornando sépia.
Também vieram lembranças de trovoadas, que como as outras, já passaram! e pelos vistos, não mataram ninguém!
Pasteis em Belém?
Viagens de Metro?
Filmes no estúdio do Império?
Em frente da coscuvilheira e sempre atenta Mumadona?
No lugar de S.Judas Tadeu?
No Condado?
No Galeto dos anos 70?
E na Ceuta?
No Apolo 70, numa partida dum jogo que com uma bola se atiravam uns pinos a baixo, ou pelo menos tentava-se?
O 127 branco, que voava, quando se queria ir a algum lado, depressa e cheio como um ovo?
O Taunus que ardeu na Mealhada?
Tudo ficou assustadoramente perto e perceberam que afinal nem tudo é perfeito!
A vida é madrasta e puta como é(!), tenta encontrar meios para justificar o nome!
Afinal eram mesmo conhecidos!
Jantaram um esparguete com alho, feito pela perfeita técnica culinária dele, beberam uma sopa!
À noite descobriram-se de novo!
Afinal, conheciam-se mesmo! e há quase 40 anos que seguem paralelos o rumo que a vida lhes traçou, na carta de bem navegar, tão bem delineada, mas tão pouco cumprida, dados os obstáculos criteriosamente colocados, pela sarnenta e mal encarada porca de vida!
Omnia vincit amor
( o amor triunfa de tudo)
(Virgílio)

1 comentário:

Anónimo disse...

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
MM

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